segunda-feira, 31 de maio de 2010

quarto 801?

no quarto porque é lá que a gente esconde tudo e também desabafa tudo, onde a gente se esconde também, se esconde do mundo. num cantinho ou debaixo dos cobertores. no quarto a gente sonha com pessoas e coisas, sonha com um mundo melhor, tem pesadelos e sonhos irrealizáveis. a gente chora no quarto, a gente ri sozinho. a gente faz amor lá, porque na sala, na mesa da cozinha a gente faz outra coisa, no quarto a gente faz amor. e a gente escreve, cartas de amor ridículas, dramas inexplicáveis. no quarto eu escrevo histórias, minhas histórias inventadas. 801? pura coincidência, não ponho muita fé nos números.

8:49 AM May 30th

foi a primeira vez que eu tive medo. a primeira vez que eu senti meu coração bater mais forte e ver que estava desesperado. foi a primeira vez que eu senti a saudade gritando teu nome. eu te vi escorrendo entre os meus dedos e junto de ti o sangue mais vermelho que eu já vi. eu tive medo de te perder. de nunca mais ver teu rosto, ou pior, de vê-lo e não poder mais tocá-lo. mas eu sabia que tudo o que eu tava sentindo, foi eu mesmo que cativei, foi eu que o criei. eu fiz tudo pra um dia sentir esse medo. e eu o senti.  você pode ser tudo aquilo que me disseram naquela mesa de bar. mas eu vou me deitar sobre o teu peito e acomodar-me sempre que eu quiser, sempre que você disser que quer.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

os trens passam pelas estações, ficam por pouquíssimos segundos e se vão. é assim que acontece. isso não muda. até porque nas estações não há espaço pra ficar nenhum trem parado, pelo simples fato de que é pra ser assim.

eu não vou discutir com mais ninguém sobre a minha vontade de ser tão de todo o mundo e tão de um só alguém. dirão: isso é egoísmo seu, isso não é certo e é confuso demais pra qualquer pessoa entender. eu sei, eu já sei o que dirão, o que pensarão, mas porra, é assim, eu não vou chorar no chão do banheiro sujo, nem me descabelar pela casa tentando entender isso que bate aqui dentro. não vai adiantar, vou parar, pensar e no final vai ser igualzinho tá sendo agora. isso é egoísmo meu? é sim, pode até ser. mas, (in)felizmente eu tô sendo (in)feliz assim. eu já disse e repito, eu quero mais é me apaixonar. e que lá venha o amor de novo me dilacerar. a cada passo, cada traço, nada de um pouco de cada vez, eu quero é o excesso, o excesso de tudo, por que como diria o Caio F. Não faço planos, não sei o que vai acontecer amanhã. eu não vou mais controlar o meu amor, assim como não controlo mais meu cigarro, meu álcool, minhas idas as aulas da faculdade, enfim, não vou controlar minhas vontades. eu sei que eu posso morrer e que "e-o-meu-futuro?" "...sou bastante forte pra sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco pra entrar." não quero mais pensar nisso, já me bastam os-meus-doze-por-trinta-e-seis, que já tem me feito muito mal. dias sim, dias não, mostrando o quanto eu posso suportar pessoa inúteis, dizendo coisas inúteis. o meu trabalho, acredito, me faz tão forte, encaro "melhor" quaisquer  más palavras e tapas na cara do mundo depois de trabalhar por doze horas. eu não sei definir amor, mesmo. eu não sei quando estou amando, quando não estou, de uma coisa eu tenho certeza, quando sinto algo diferente, não importo se vai ser só naquele momento, se vai passar em segundos, eu sinto, eu vou até o fim e é isso que tenho chamado de amor, eu vou viver isso. mas eu tô deixando muito claro, eu não quero que esperem nada de mim. hoje vi uma rosa, percebi a beleza, todo aquele ar de tranquilidade, aquele vermelho ao mesmo tempo sensual, quente e tão delicado, as folhas verdinhas, com aquelas pontinhas que já remetem a algum perigo, enfim o caule, com seus espinhos tão mal quistos. talvez seja isso mesmo, uma boa metáfora, você tem que amar tudo o que há de bom, de prazeroso, mas tem que ter consciência de que há algo mais ali e talvez não seja tão bom. eu tenho dito, dói, amar dói, uma hora ou outra vai doer. o que resta saber é se você tá preparado pra sentir? 

terça-feira, 18 de maio de 2010

o que ainda temos

a gente acha que vai ficar assim pra sempre. naquele silêncio em que só se ouve o grito que vem de dentro, um gemido quase insano, quase maldito, de dor, de amor e desses sentimentos que atormentam a alma, que atormentam isso que chamamos de nossa-vida. e você chora, ri, manda tomar-no-cú, bebe pra esquecer, pra fugir, diz não-eu-não-quero-isso. mas vem logo alguém tocar seu ombro bem naquele lugar que dói e não é o coração. e diz um o-que-que-foi? e aí você percebe que, porra, não existe auto-suficiência. e aí se torna pior, porque você não pode, não quer se entregar, não quer dar o braço a torcer, quase literalmente, o braço a torcer pra essas porras todas. chega disso, chega de se ver no buraco daqui a alguns segundos, minutos, horas, meses. pensa, pensa, pensa, sofre, sofre, morre de vontade e no final você tá a mercê. diz que dessa vez vai ser diferente e diz que tá sendo, tá sendo bom. tudo são flores, mas elas murcham e soltam seus ares fétidos no próximo momento. mas a gente vai se apaixonar, não é? a gente não vai parar de fazer essas coisas todas. a gente tinha prometido não parar. porque afinal, somos esses seres humanos fragilíssimos, esses filhos-da-puta que fodem com a vida de um monte, assim, sentados em bancos a espera de pessoas que não vem, de telefones que não tocam. e a gente vai amar, amar, amar até o fim, o fim desses amores eternos, internos, infernos, desses pra-sempre ou desses nunca-mais. e tudo soará bom, como suspiro no pé do ouvido, até não fazer mais sentido, até já não ter mais jeito. no final, ainda temos cervejas, cigarros, bancos gelados e telefones que não tocam.